domingo, 5 de fevereiro de 2012

White Island - Nova Zelândia

Em poucos lugares no mundo você vai poder visitar um vulcão ativo como na Nova Zelândia. O motivo é simples. Basta olhar na foto acima que vai notar que uma parte da borda da cratera cedeu, e portanto ao desembarcar, literalmente caminha-se direto para dentro sem ter que escalar nenhuma encosta. O mais difícil de tudo porém, é passar por escrito o que se sente quando se está no coração de um vulcão ativo. Por esse motivo, consideramos a White Island o destino turístico número um da Nova Zelândia. Não se trata de uma aventura, mas de algo absolutamente extraordinário que pode ser feito por pessoas de qualquer idade, só não sendo recomendável para crianças pequenas, ou para quem tem problemas físicos, tais como asma, ou dificuldades de locomoção.


A White Island fica à 48 Km mar afora em frente da cidade de Whatatane. As bordas da cratera atingem 321 metros de altura, sendo que mais de 70% do vulcão está submerso, acarretando na maior estrutura vulcânica em toda Nova Zelândia. Geofísicos estimam que tenha 150 mil anos, e apesar de ter entrado em erupção várias vezes, todas foram de pequeno ou médio porte, não mais do que VEI 2 ou 3 numa escala até 5. Em 1914, havia uma mina de enxofre na ilha, que era explorada às duras penas para a fabricação de fertilizantes. A acidez dos gases corroía todo o material, além de comprometer a saúde dos que lá trabalhavam. Foi então que uma parte da parede da cratera desabou, e matou 12 trabalhadores. A mina foi fechada, mas reabriu em 1920, para pouco depois ser desativada para sempre. Os escombros das construções e maquinários, ainda podem ser vistos no local, e o desabamento proporcionou fácil acesso para visitantes (foto), algo em torno de 10 mil por ano. Um outro detalhe da White Island, é que ela é uma ilha particular, ou seja, o dono é o feliz proprietário de um vulcão.
Poucas coisas que você fará em sua vida, podem ser comparadas a ficar na beira de uma cratera em plena atividade, e tudo vai depender de quanto de atividade estiver acontecendo naquele dia. Tem dias que a cratera está mais tinhosa, e em outros mais angelical. O fato é que a atividade não para, e com ela você se sente diminuto perante as forças da natureza. Lá dentro, estrondos, assovios, chiados, e barulhos de toda a espécie, chegam a ser tão fortes, que lembram mil panelas de pressão fervendo, sem falar em outro tanto de chaleiras apitando. O cheiro de enxofre é pesado, e a coluna de vapor que emana da cratera principal (são 3 crateras) pode chegar à 10 mil metros de altura. Fumaroles e Fissuras nas paredes laterais, expelem gases com grande pressão, sendo que em alguns pontos, enxofre é expelido junto. Ao cristalizar, o enxofre torna-se de um tom amarelo dos mais bonitos que se possa imaginar. O colorido e a paisagem dentro da cratera, são ao mesmo tempo desoladoras e fascinantes, algo totalmente lunar. Ao olhar-se de dentro para as altas bordas ao redor, nota-se que a atividade vulcânica não se concentra somente no fundo, mas sim ao longo de todo o paredão em si. A ilha inteira expele jatos de vapor por todas as partes. É pulsante como um ser vivo, e a impressão é de que está prestes a explodir.
Visitar a White Island tem seus riscos, e é por isso que só pode-se ir lá com guias credenciados. O vulcão está mais ativo do que nunca, e tudo pode acontecer. Um dos principais perigos, não é o dito entrar em erupção, pois é constantemente vigiado por sismógrafos além de câmeras. Qualquer passagem de VEI 1 para 2, acarretaria imediata evacuação da ilha. O problema está no colapso das paredes e do próprio piso, que pode acontecer sem aviso prévio. Por isso as firmas que operam visitas à White Island, têm por obrigação garantir que qualquer visitante siga as instruções fornecidas, e manter-se dentro das trilhas. Duas das principais recomendações, são a de não se aproximar demais da borda da cratera principal, que pode desmoronar, e sobre os fumaroles, cuja temperatura dos gases expelidos passa dos 600 º Celsius. Fumaroles podem causar queimaduras muito sérias nas mãos ou no rosto, e ao sair da trilha, corre-se o risco do piso afundar até o joelho, transformando o cozido turista em pernil defumado.

Os 48 km que separam a ilha do continente podem ser feitos por barcos ou helicópteros. Os barcos são lanchas velozes e confortáveis, com bar, comida e toilette a bordo. A viagem em si é um espetáculo, pois passa por águas muito profundas, e por isso a quantidade de cardumes de peixes, golfinhos, e até mesmo baleias, ocasionalmente podem ser vistos. Também durante o trajeto, pode-se pescar do barco (você leva o material) e as chances de pegar um peixe de bom tamanho são bem razoáveis. O passeio dura quase o dia inteiro, e o único problema é se o mar estiver muito forte, e o tour for cancelado. Por isso, é imperativo fazer contato com a operadora na véspera, e confirmar se será realizado. Não se esqueça de levar um casaco para bordo, pois mesmo no verão a brisa do mar é fria. De helicóptero existe uma operadora em Whakatane e outras 3 saindo de Rotorua.

Curiosidade - Certa vez fui para a White Island em uma lancha pequena particular com 2 amigos Neozelandeses mergulhadores. Após pegarmos várias lagostas, resolvemos assá-las ainda dentro d'água nas fendas submarinas que expelem vapor. Na parte submersa ao redor de toda a ilha, "fumaroles" expelem vapor e fogo, e criam uma curiosa vegetação ao redor.

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